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Asma: tempo de exacerbação grave não diminuiu com suplementação de vitamina D


Segundo o estudo Effect of Vitamin D3 Supplementation on Severe Asthma Exacerbations in Children With Asthma and Low Vitamin D Levels, publicado no jornal JAMA, a suplementação de vitamina D não melhorou o tempo de exacerbação grave da asma em crianças com asma persistente e baixos níveis de vitamina D, em comparação ao placebo. O objetivo foi determinar se a suplementação de vitamina D3 melhora o tempo para uma exacerbação grave em crianças com asma e hipovitaminose D. As exacerbações graves da asma aumentam a morbidade, com custos significativos.

Método do estudo

Os pesquisadores conduziram o ensaio clínico denominado Vit-D-Kids Asthma (VDKA), que consistiu em um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, para avaliar o benefício da suplementação de vitamina D em comparação ao placebo. Foram incluídas crianças com idades entre 6 a 16 anos recrutadas em 7 locais nos Estados Unidos, com diagnóstico de asma, em uso de corticosteroides inalatórios em baixas doses, com níveis séricos de 25-hidroxivitamina D inferior a 30 ng/mL.

Outros critérios de inclusão foram:

  • Asma diagnosticada ao menos 1 ano antes da inclusão;
  • No mínimo uma exacerbação grave de asma (corticosteroides sistêmicos por, pelo menos, 3 dias, ou uma hospitalização ou visita ao pronto-socorro com necessidade de corticosteroides sistêmicos) no ano anterior;
  • Uso de medicamentos para tratamento de asma (uso diário ou β2-agonistas inalatórios três vezes por semana, no mínimo) por, pelo menos, 6 meses no ano anterior;
  • Volume expiratório forçado no primeiro segundo de expiração (VEF1) maior ou igual a 70% do previsto;
  • Responsividade ao broncodilatador (um incremento no VEF1 basal de 8% ou mais 15 minutos após a inalação de 180 microgramas de albuterol) ou, naqueles sem resposta ao broncodilatador, maior responsividade das vias aéreas (uma concentração provocativa de metacolina na qual o VEF1 diminuiu 20%, < 8 mg/mL se não estivesse recebendo corticosteroides inalatórios ou <16 mg/mL se estivesse os recebendo).

O estudo foi iniciado em fevereiro de 2016, mas encerrado em março de 2019 por futilidade. Isto é, os pesquisadores não observaram nenhum benefício com a suplementação da vitamina D. Os participantes foram randomizados em dois grupos por 48 semanas e mantidos com propionato de fluticasona, 176 microgramas/dia (se idade entre 6 a 11 anos) ou 220 microgramas/dia (em pacientes de 12 a 16 anos):

  • Grupo “vitamina D3”, recebendo 4.000 UI/dia de suplementação de vitamina D3 (n = 96);
  • Grupo “placebo” (n = 96).

Desfechos

O desfecho primário foi o tempo para uma exacerbação grave da asma. Os desfechos secundários incluíram o tempo até uma exacerbação grave induzida por vírus, a proporção de participantes nos quais a dose de corticosteroide inalatório foi reduzida na metade da pesquisa e a dose cumulativa de fluticasona durante o ensaio.

Foram incluídos 192 pacientes pediátricos randomizados. A idade média foi 9,8 anos e o sexo feminino representou 40% da amostra. Cento e oitenta pacientes (93,8%) completaram o ensaio. Uma ou mais exacerbações graves ocorreram em 36 participantes (37,5%) do grupo “vitamina D3” e em 33 participantes (34,4%) do grupo “placebo”. Em comparação ao placebo, a suplementação de vitamina D3 não melhorou significativamente o tempo para uma exacerbação grave: o tempo médio para a exacerbação foi de 240 dias no grupo “vitamina D3”. Esse tempo foi de 253 dias no grupo “placebo” — diferença média do grupo, −13,1 dias [intervalo de confiança de 95% (IC 95%) −42,6 a 16,4], com razão de risco ajustada de 1,13 (IC 95%, 0,69 a 1,85; p = 0,63).

Além disso, a suplementação de vitamina D3, quando comparada ao placebo, também não melhorou significativamente o tempo para uma exacerbação grave induzida por vírus, a proporção de participantes cuja dose de corticosteroide inalatório foi reduzida ou a dose cumulativa de fluticasona durante o ensaio. Em ambos os grupos, os eventos adversos graves foram semelhantes (grupo vitamina D3, n = 11; grupo placebo, n = 9).

As limitações do estudo foram:

  • A taxa de exacerbações graves de asma em ambos os grupos de vitamina D3 (37,5%) e placebo (34,4%) foi menor do que o esperado, e o estudo não foi devidamente desenvolvido para avaliar se essa pequena diferença era estatisticamente significativa. No entanto, não houve evidência de um efeito protetor da vitamina D contra exacerbações graves da asma ou exacerbações graves da asma induzidas por vírus. E a suplementação de vitamina D3 não levou a uma redução na dose média ou cumulativa de corticosteroides inalatórios;
  • Houve um poder estatístico limitado para determinar se a suplementação de vitamina D3 reduz as exacerbações graves da asma em crianças com níveis de vitamina D menores que 20 ng/mL. Porque apenas uma proporção modesta de participantes tinha tais níveis. Contudo, a maioria das crianças com níveis de vitamina D menores que 30 ng/mL nos Estados Unidos tem níveis maiores que 20 ng/mL. Portanto, os resultados deste estudo são aplicáveis à maioria das crianças com insuficiência de vitamina D no país;
  • Os resultados não podem ser extrapolados para outras faixas etárias, incluindo crianças em idade pré-escolar, ou para ambientes com capacidade limitada de monitorar os níveis de vitamina D.

Conclusão

A conclusão deste estudo é que, entre as crianças com asma persistente e baixos níveis de vitamina D, a suplementação de vitamina D3, em comparação ao placebo, não melhorou significativamente o tempo para uma exacerbação grave da asma. Portanto, esses resultados não apoiam a suplementação de vitamina D3 para prevenir exacerbações graves da asma neste grupo de pacientes.

De acordo com o pesquisador principal, Dr. Juan Celedón, do Children’s Hospital of Pittsburgh, não se pode tirar conclusões sobre se níveis muito baixos de vitamina D contribuem para as exacerbações da asma. Uma vez que essas crianças receberiam suplementação de vitamina D de qualquer forma em virtude dos efeitos conhecidos da vitamina na saúde óssea. Além disso, de acordo com o pesquisador, os resultados do estudo VDKA diferem de estudos observacionais anteriores realizados na Costa Rica, Canadá, Porto Rico e também nos Estados Unidos, cujos resultados mostraram que crianças com níveis naturalmente baixos de vitamina D tinham piores efeitos na asma. Para ele, em estudos observacionais, “nunca sabe se a vitamina D está causando a piora da asma ou as crianças com asma grave acabam tendo menos vitamina D”.

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