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Entenda a Síndrome da Cabana, o medo de sair de casa (mesmo de máscara)


A psicóloga e neuropsicóloga Lucia Moyses explica o fenômeno: “Algumas pessoas já estão entrando em desespero com a abertura de shoppings, lojas e flexibilização do isolamento. Não querem, de modo algum, que a quarentena termine. Obviamente, esse medo pode vir da possibilidade de serem contaminados”

O isolamento ainda é a forma mais indicada de se proteger contra o coronavírus. Mas mesmo os que precisam sair – protegidos – podem não conseguir e tendem a se isolar ainda mais. A psicóloga e neuropsicóloga Lucia Moyses explica a Síndrome da Cabana que pode desencadear este medo:

A Síndrome da Cabana
“Este termo, apesar de ter surgido em 1900, não é muito conhecido atualmente. No entanto, você, seu vizinho, sua filha, seu amigo, podem estar passando por esta síndrome neste exato momento sem perceber. Como assim? Imagine que a quarentena terminou e já existe uma vacina para a covid-19. Não há mais motivos para temer as ruas. No entanto, só de pensar em sair de casa você já começa a ficar apavorado, confuso, tenso, angustiado e pode chegar até a sentir seu coração disparar. Mesmo sem ameaças imediatas, não se sente mais seguro fora do seu lar. Sua casa é o único lugar que lhe proporciona segurança e proteção. Esse medo, após longos períodos de isolamento, é justamente o que define a Síndrome da Cabana.”

Surgimento da síndrome
“Este nome foi dado em função dos trabalhadores norte-americanos que se refugiavam em suas cabanas quando o inverno chegava e, depois, tinham receio de voltar à civilização quando o frio terminava. O mesmo já está acontecendo atualmente, devido à quarentena que nos confinou em nossos lares desde março de 2020. Hoje, algumas pessoas já estão entrando em desespero com a abertura de shoppings, lojas e relaxamento do isolamento. Não querem, de modo algum, que a quarentena termine. Obviamente, esse medo pode vir da possibilidade de serem contaminados. Porém, a Síndrome da Cabana, ainda que não aja como fator principal, desempenha um papel importante na resistência em voltar à vida normal. Não é uma doença, é um fenômeno natural, diante das circunstâncias. Apesar do nome, também não é um transtorno mental, embora possa precisar dos cuidados de um profissional da mesma forma. Quem sofre desse fenômeno pode sentir muita angústia, ansiedade, perder a concentração, perder a memória, passar a comer muito e a dormir muito, embora possa acontecer de o indivíduo perder o apetite e o sono. Alguns sintomas físicos também podem se manifestar, como taquicardia, sudorese e tonturas. Os sintomas da síndrome podem lembrar os da Síndrome do Pânico. A diferença é que esta leva o indivíduo ao isolamento, enquanto na Síndrome da Cabana acontece o contrário. O isolamento leva o indivíduo ao pânico. ”

Entendendo o medo
“É uma sensação provocada pelo cérebro que auxilia o indivíduo em sua sobrevivência e adaptação. Se não sentíssemos medo de nada, não teríamos como nos defender e provavelmente morreríamos rapidamente. Este mecanismo de sobrevivência ocorre a partir do Sistema Nervoso Central. Por exemplo, quando avistamos uma serpente, esta informação é levada ao SNC e passa pelo hipocampo (sede das memórias) que vai conferir se aquela informação já existe. Em seguida, o hipotálamo vai interpretar o que recebeu e relacioná-lo ao perigo. Ao receber essa interpretação, a amígdala (responsável pelas emoções) alerta o organismo na forma de medo. Imaginem uma criança que nunca viu uma cobra nem ouviu nada sobre ela. Ao se deparar com a serpente, não sentirá medo e provavelmente será picada. Assim, sentir medo é não só normal, como necessário. No entanto, há muito medo. O medo pode ser real, como o de um assalto; o medo pode ser imaginário, ou seja, não há nada acontecendo de fato, mas sentimos medo de algo que não conseguimos definir. O medo pode ser futuro, como o medo da morte; e o medo pode ser desproporcional ao objeto que o causou. Quando o medo não é específico e dura longos períodos, ele passa a ser chamado de ansiedade que, quando não tratada e persistente, pode levar ao pavor. A Síndrome do Pânico, por exemplo, e as fobias, quando atrapalham nossa vida, causam muito sofrimento e precisam de ajuda profissional.”

Como lidar com a Síndrome da Cabana
“1. Respeite o seu tempo. Não se obrigue, não se cobre, não se culpe. Cada um tem um ritmo e o sentimento é totalmente válido. O importante é não desistir. 2. Estabeleça uma rotina. Porque na rotina você se sente no controle e, se você está no controle, pode controlar os seus pensamentos e seu medo. 3. Comece aos poucos, devagar, e recompense cada passo, cada progresso. Por exemplo, no primeiro dia, simplesmente abra a porta de sua casa e fique ali, olhando para fora. Avalie como está se sentindo. Se puder, dê alguns passos. Senão, feche a porta e se recompense pela sua coragem. No dia seguinte, tente dar alguns passos para fora. Continue enquanto se sentir confortável. Senão volte. Continue insistindo todos os dias até conseguir ir até a esquina e voltar. Não tem problema retroceder. Não tem problema dar um tempo. Apenas tente. Acredite que você pode. Mas não force. Aumente as recompensas conforme for progredindo. 4. Lembre-se de todas as coisas boas que você tinha e fazia ao sair de casa. Lembre-se de seus familiares, do churrasco na casa dos amigos, do cinema, dos restaurantes, dos parques, da cervejinha gelada no bar, do sol acariciando sua pele, do vento bagunçando seus cabelos, das viagens divertidas. Enfim, comece a condicionar seu cérebro para que ele diminua progressivamente a resposta do medo. 5. Nada disso está adiantando? Procure ajuda de um profissional. Você não precisa sofrer sozinho nem mais do que o necessário. A Síndrome da Cabana, quando longa e não monitorada, pode desencadear um quadro depressivo grave.”

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