A hepatite C é causada pelo vírus VHC, transmitido principalmente por sangue contaminado, principalmente durante compartilhamento de seringas, agulhas ou de instrumentos de manicure, pedicure, tatuagem e colocação de piercing. A infecção também pode ser transmitida pelo contato sexual e por via perinatal (da mãe para filho), durante a gravidez e o parto, mas essas são vias muito menos frequentes.
A tendência é os pacientes desenvolverem uma forma crônica da doença que leva a lesões graves no fígado. A evolução da enfermidade costuma ser lenta e o diagnóstico, tardio.
Sintomas da hepatite C
Na maior parte dos casos, a hepatite C é assintomática, mesmo quando o fígado já está bastante afetado pela doença.
Em algumas situações, porém, pode ocorrer uma forma aguda da enfermidade, que antecede a forma crônica e provoca os seguintes sintomas:
- Mal-estar;
- Vômitos;
- Náuseas;
- Pele amarelada (icterícia);
- Dores musculares;
- Perda de peso e muito cansaço.
Ascite (barriga d’água) e confusão mental podem ser sinais de que a doença atingiu estágios mais avançados.
Em geral, a maioria dos portadores só percebe que está doente anos após o contato com o vírus, quando apresenta um quadro grave de hepatite crônica com risco de desenvolver complicações, como cirrose, câncer no fígado e insuficiência hepática.
Diagnóstico de hepatite C
O principal exame para diagnóstico da hepatite C é a pesquisa de anticorpos contra o vírus VHC, o anti-VHC. Quando o resultado é positivo, a pessoa deve ser encaminhada para exames complementares a fim de esclarecer o quadro e orientar o tratamento, quando e se necessário.
Entretanto é comum a enfermidade ser diagnosticada durante exames de sangue de rotina ou procedimentos para a investigação de outras doenças.
O SUS dispõe de um teste anti-VHC, importante para o diagnóstico da doença, mas que só é indicado caso a pessoa pertença a um grupo de risco (usuários de drogas, tatuados, pessoas que praticam sexo desprotregido). No entanto, pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1993 devem fazer esse teste, uma vez que antes dessa data não se conhecia o vírus e o sangue transfundido não era testado.
Vacinas contra hepatite C
Ainda não existe vacina contra a hepatite C, mas os portadores do vírus devem receber as vacinas contra hepatites A e B, a vacina contra gripe todos os anos e a vacina contra pneumonia.
Tratamento da Hepatite C
A hepatite C é uma das poucas enfermidades crônicas que pode ser curada. Quando não é possível, o tratamento busca conter a progressão da doença e evitar as complicações.
Os esquemas terapêuticos evoluíram muito com o tempo. Quando o vírus foi descoberto, o tratamento era realizado com interferon alfa recombinante por via injetável, que apresentava baixos índices de resposta e muitos efeitos colaterais indesejáveis.
Mais tarde, o tratamento incluiu a combinação de interferon peguilado (substância antiviral que produz menos efeitos colaterais) injetável por via subcutânea, associado a outra droga antiviral, a ribavirina, administrada por via oral por tempo que varia entre seis meses e um ano, dependendo do genótipo do vírus. Essa combinação promove uma resposta satisfatória em 40% a 50% dos pacientes, número duas ou três vezes maior do que os tratados somente com interferon alfa recombinante.
Interferon e ribavirina são medicações distribuídas gratuitamente pelo SUS. O inconveniente é que provocam efeitos adversos como dores no corpo, náuseas, febre, perda de cabelo, depressão, vômitos, emagrecimento e anemia.
Com a evolução das pesquisas, novos medicamentos com ação antiviral foram incorporados ao tratamento da hepatite C. O telaprevir e o boceprevir fazem parte da classe dos inibidores de protease (enzima necessária para a replicação do vírus), e são distribuídos pelo SUS para os pacientes infectados com o genótipo tipo 1 e doença em estágio avançado.
E os avanços não pararam por aí. Nos primeiros meses de 2015, outros três medicamentos para o tratamento da hepatite C crônica tiveram o registro aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sem o qual não poderiam ser comercializados no Brasil. São eles: o daclastavir (nome comercial Daklinza), o simeprevir sódico (nome comercial Olysio) e o sofosbuvir (nome comercial Sovaldi). A vantagem sobre os demais é que dispensam o uso do interferon, são administrados por via oral, por menos tempo (12 semanas), produzem menos efeitos colaterais e aumentam a chance de cura para mais de 90% dos casos.
A última atualização é que a associação entre o sofosbuvir e velpatasvir (SOF/VEL) foi incorporada pelo SUS no ano passado (2018).
Recomendações para evitar a hepatite C
Como não existe vacina contra a hepatite C, a prevenção depende de conhecer as formas de transmissão do vírus e evitá-las. Portanto,
- Não utilize drogas injetáveis nem compartilhe objetos de higiene pessoal (escova de dente, lâminas de barbear), de manicure (alicates, lixas, espátulas), instrumentos para tatuagem que possam conter sangue, porque o VHC chega a sobreviver quatro dias fora do corpo humano;
- Verifique, quando for fazer exames, se agulhas ou qualquer outro objeto que entre em contato com sangue é descartável ou está devidamente esterilizado;
- Só faça sexo com preservativo sempre;
- Antes de engravidar, faça o teste para saber se é portadora do vírus da hepatite C;
- Fique longe das bebidas alcoólicas, se for portador do VHC, porque o consumo de álcool aumenta o risco de desenvolver as complicações da doença.
Perguntas frequentes sobre hepatite C
A doença pode evoluir para cirrose?
Sim. Hepatites B e C causam inflamação no fígado e, sem tratamento, podem evoluir para cirrose e até câncer.
É possível pegar pelo beijo?
Geralmente, não. A principal forma de contágio é por contato com sangue contaminado. Assim, a infecção em um beijo só pode ocorrer se houver cortes ou feridas na boca.
Tem cura?
Seguindo o tratamento corretamente, hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos.
Existe tratamento no SUS?
Sim, a doença pode ser tratada no SUS independentemente do grau de lesão no fígado.